quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Altar particular

"Se enfim, você um dia resolver mudar
tirar meu pobre coração do altar
me devolver como se deve ser
ou então dizer que dele resolveu cuidar
tirar da cruz e o canonizar digo
faça o melhor do que lhe parecer."

(M. Gadu)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

08/11/10 (caderno)

Adoro tuas vindas, 
e como meu abdome salgado do meu suor (do nosso suor) pode ser, pra ti, delicioso
assim como e teu é pra mim;
e o cheiro da tua boca
o jeito como me beijas, tão má, quando já é hora de partir.
É um pedido de eternidade, 
de infinito.
Mas sei que não demora muito vais embora de mim
e sei que voltas, pois teus melhores dias
sempre são nossos melhores dias.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"(…) e me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas… dizer que te considero - pode ser por mais um mês, por mais um ano, ou quem sabe por uma vida - e que hoje, só por hoje ou a partir de hoje (de ontem, de sempre e de nunca), é sincero."


Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os "sobreviventes".

"(...) que aconteça alguma coisa bem bonita com você, ela diz, te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve pra longe da minha boca esse gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando."

(Do conto "Os sobreviventes", Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Então...

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza, deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és…"

(Caio F.)

sábado, 25 de setembro de 2010

Ressurreição

Parece que toda a esperança é perdida, que a chama se "apaga". Bate aquele frio de congelar os ossos e dá um medo insano de se perder...se perder nesse vazio enorme dentro do peito.
Não entendo como isso acontece. Como uma criatura tão pequena pode ter dentro de si um vazio tão grande, com milhões de anos-luz separando uma extremidade da outra.
A gente sempre acha que depois do fim não tem mais nada. Bem, a vida acaba surpreendendo. É como dizem por aí, "o mundo dá voltas".
Quando menos se espera tudo acontece de novo, é como uma ressurreição; só pra mostrar que o fogo nem sempre apaga completamente, sobra aquela centelha de esperança que pode nos salvar do tal vazio infinitamente grande e do frio que congela os ossos.
A centelha pode virar chama de novo, maior e mais quente até, pra aquecer a vida e fazer a gente ser feliz.
É...o amor tem dessas coisas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Agora é tempo de pertencer.*


* "O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. (...) Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa."
(Clarice Lispector)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"I hate the feeling when you know you're going to cry. Your lips quiver, you heart pounds, your eyes sting. You face clanches up, and then the tears start to fall.
You can't stop them, no matter how hard you try. And it's not little tears that slide down your cheeks, it's big tears that make your eyes red and puffy, your face tear-stained and your body heave.
You can't stop the tears, and as you lie on your bed alone, you think of what could you have possibly done to stop the pain.
Stop the suffering.

Stop this, stop what you're going through.

But there's nothing you can do, nothing anyone can say. It's the kind of tears and pain that needs to be cried out, not talked out. And you know that you're hurting people you love, but you can't hept it.
And sometimes you just don't care."

This is how I feel. 

Fonte: Tumblr

terça-feira, 7 de setembro de 2010

É, eu não tenho nada pra fazer, ou não tenho vontade.
Estou aqui nesse lugar meio-frio-meio-quente tentando escrever e te dizer todas as coisas que simplesmente não podem ser ditas porque nem eu mesma sei bem o que é.
Tem só esse...esse montão de coisas, essa avalanche de pensamentos aqui na minha cabeça, mas eu acho que não vale a pena.
Não vale a pena porque talvez a minha percepção das coisas, que é sempre tão boa, esteja com defeito. Caiu alguma engrenagem, ou então emperrou e precisa de óleo. Ou vai ver que alguma coisa fez travar. E continua fazendo.
Pode ser só a pranóia. 
Aquela tendência que eu tenho de achar que tem alguma coisa errada quando tudo está muito bem sabe? Como se eu não conseguisse me contentar com a felicidade. Pra mim é sempre uma pseudo-felicidade.
Mas sei lá....acho que é normal dar esse medo todo. Isso, é isso.
Medo.
Deve ser essa a palavra, deve ser esse o sentimento.
Sabe aquelas geleiras enormes que parecem que vão sempre ficar ali, seguras, rígidas? Parece que elas racham mesmo, os ventos mudam o clima muda....mas....será que a minha geleira vai rachar também? É esse o medo. Não dá pra ser cem por cento segura quanto a isso.
No fim das contas tudo se trata daquela palavra de quatro letras.
Se é real? Claro, sem sombra de dúvidas.

Tá, tudo gira em torno da minha posição na história.
Eu não quero ser a que vai estar sempre aqui, não importa o que aconteça., embora eu realmente vá estar. Sabe? Aquela coisa segura, aquela coisa que sempre vai ter se tudo der errado. Não quero ser a segunda opção. Mas também não quero não ser. Não quero ser simplesmente nada. Taí a contradição, eu quero ser!
Eu quero fazer o teu coração bater rápido de excitação, eu quero ser a pessoa que te deixa desse jeito maluco e agitado que ficas quando estás extremamente feliz. Eu quero ser o teu jogo, embora seja um tipo de jogo que tu já ganhaste, porque eu sou tua. Quero te fazer sentir como uma criança que ganha um brinquedo novo, mas sem eu ser brinquedo e sem me deixares de lado depois.
Quero ser a pessoa que te faz escrever cartas que nunca vais entregar, reclamando de mim, ou dizendo o quanto me amas, sei lá, esse é o tipo de coisa que as só as pessoas que se importam fazem - sinceramente? aquele papo de pena não existe, isso é aquela expressão em inglês que eu adoro "care about"-. Quero que eu seja assunto das tuas conversas com teus amigos.
Não quero ser só o amor maduro e bem construído ao longo do ano. Eu quero mais.
Vai ver que é esse o problema.
Ou vai ver que é só ciúme. Vai ver que é só insegurança. 
Mas um dia, quem sabe, teu coração ainda vai te trazer pra mim, cem por cento pra mim.
Eu tenho paciência pra esperar.



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Re(a)mar

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar."

(Caio F. )
Tô com vontade de amor(ar).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Eu sempre vou estar aqui pra te cuidar. Sempre.
Vou viver pra sempre, vou ser imortal só por ti.

não sei porque, mas deu vontade de dizer isso, só pra constar, só pra saberes.
Ultimamente eu tenho andado com um medo terrível de perder as pessoas que eu amo...
Ultimamente eu tenho sentido um misto de medo, agonia e desespero.
Vem rápido e vai rápido, mas sempre vem.
Acho que não dá pra ter segurança nenhuma em nada na vida, tudo sempre termina....
Poucas são as coisas que duram, e eu até fico feliz em saber que eu tenho uma dessas poucas coisas. 
Pelo menos eu acho que tenho.

domingo, 22 de agosto de 2010

"I've got sunshine
On a cloudy day
When it's cold outside
I've got the month of May

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?
(...)"  'My' girl, i'm talking about my girl.


adivinha ;*

sábado, 21 de agosto de 2010

I want you
I want you so bad
It's driving me mad
It's driving me mad!

sábado, 10 de julho de 2010

Let the sunshine in, the sunshine in.
É incrível como até rabugenta, até quando és um Zé da Lua e com direito a dragão, eu te amo. Não consigo amar menos, ao contrário, só te amo mais.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

06/07

Ontem foi um daqueles dias nos quais a gente tem tanto amor que não cabe em lugar nenhum, nem no peito, nem nos beijos, nem entre quatro paredes. Mas aí a gente abre a janela, olha pro céu e deixa escapar, pra todo mundo ver que o amor não é pra ficar preso, tem que transbordar mesmo, pra fazer a vida ser mais bonita .

Isso que é ser feliz, deixa eu aproveitar esse momento e andar por aí com todas as caras mais bobas que eu sei fazer.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Queria poder ver nos teus olhos, todos os dias, essa alegria que vejo quando a gente se encontra. E ganhar esse abraço que me dás que diz com todas as letras, mas sem emitir som algum, o quanto sentes minha falta.
E não sentir vontade de ir embora nunca mais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Afago.

amor,

é de ficar boba, assim, quando me olhas desse jeito. me enternece.
e nada mais importa, é como se o mundo inteiro sumisse. só fica aquela luz, acho que é luz, ou aquela "alguma coisa" que nos rodeia e que brilha. o coração me aperta no peito, mas não de um jeito ruim, de um jeito bom, do tipo que tenta arrumar mais espaço porque o amor fica tão, tão grande, que não cabe mais naquele lugarzinho pequeno.
às vezes é até estranho, até engraçado, como eu te cuido. como se trocássemos de papel. ficas assim, frágil e meiga, ficas criança, ficas tão minha, como se eu pudesse, ali, naquele momento, fazer tudo por ti, te dar todas as coisas mais bonitas do mundo e te amar com um amor que é só amor, simplesmente isso, não precisa ser romântico, só precisa ser nosso, cheio das nossas marcas e dos nossos próprios significados. pelo menos em alguma dimensão de tudo isso, eu posso dizer que te tenho. e tu já me tens em todas as outras. quando dormes é um grau mais intenso de tudo. porque consegues ser linda dormindo, e consegues emanar uma paz que me faz sentir...uma certa coisa cuja palavra desconheço. pelo menos existe o tal sentimento aqui dentro que me deixa entender como tudo isso pode ser assim desse jeito, incrível, amorável e complexo. e leve.
e gosto de deitar no teu colo, e te olhar lá de baixo, de olhar teus olhos e de ver que me afagas com eles além de com as mãos. isso é tão pálpavel (teu olhar) que me afaga. teu amor me afaga.
teus cabelos formam uma parede que me protege do mundo, pra que eu possa apenas te olhar e nada mais.
e te encolhes como quem pede carinho, e te enches de graça....e me desarmas, me deixas sem ação. só consigo pensar em como consegues ser assim, tão bonita.
e nos intervalos desses momentos que me tens e que te tenho, que podem durar semanas, e até meses, percebo que quase sempre me presenteas, mesmo sem querer, com um fio louro do teu cabelo que encontro em minhas roupas.

só pra constar: me inebrias com teu cheiro. tua pele tem um aroma que embriaga. 
não é teu perfume, sempre mudas quando acaba. é tua pele. é esse cheiro que se desprende pra fazer eu te amar mais. 

(não quero perder esses olhos cheios de amor pela manhã, guarda pra mim uma dose pra cada encontro)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Para alguns o amor é triste 
para o outros o amor nem sequer existe 
para outros, ainda, o dinheiro compra até amor verdadeiro. 
Mas eu prefiro acreditar nas palavras que dizem
que mesmo quando não houver mais nada nem fé, nem esperança
o amor continuará resplandecendo no universo.


(O. I)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

E bem sei que não gostas dessa....

"Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só C não viu"

(Caetano)

sábado, 12 de junho de 2010

12

Achei que fosse ter um sem fim de palavras pra dizer hoje. Parece que me enganei.
Só o que me vem à cabeça é um nome, um rosto e todo um passado de coisas lindas e doces.
Todas as nossas tardes valeram por esse dia que eu vou passar sem ti ao meu lado, mas não são suficientes para cobrir a falta que me farás em todos os dias que hão de vir.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

- V -

Queria conseguir te escrever as palavras mais bonitas do mundo porque não mereces menos. Queria te escutar falar de todos os teus casos e sentir o coração apertar no peito. Queria curar tuas feridas. Queria cuidar de ti, todos os minutos do dia. Queria poder sentir tuas curvas perfeitas e tua pele tão macia. Queria me perder do labirinto dos teus cachos. Queria te ver dormir e te acordar com beijos. Queria ver teu sorriso bobo. Queria te ouvir ler Clarice e ver teus olhos brilharem. Queria tomar coca light na tua casa, mesmo sem gostar...e já tô até gostando. Queria te dizer que te amo o tempo todo. Queria te ouvir dizer que eu faço tu sentires coisas. Queria te escrever depoimentos todos os dias. Queria ter que ouvir tuas paranóias.  Queria dizer o quanto adoro tua barriga e tenho ciúmes dela. Queria ler mensagens tuas todos os dias.  Queria te ouvir me chamar de "minha menina". Queria te ouvir dizer que me amas. Queria te ver com ciúmes de mim. Queria te abraçar pra sempre, porque és meu melhor abraço. Queria te ouvir dizer que eu fui o teu presente. Queria que me deixasses sem jeito me chamando de Telili. Queria rir dos teus exageros. Queria escutar os teus medos. Queria te fazer carinho. Queria estar por perto quando sentes dor. Queria te mimar até dizeres chega. Queria ficar horas falando contigo no telefone. Queria ouvir teus conselhos. Queria te dizer pra parar de fumar e não me obedeceres. Queria que soubesses 'o quanto me dóis de vez em quando'. Queria fingir que acredito nas tuas desculpas esfarrapadas. Queria te ouvir cantar pra mim com essa tua voz tão doce. Queria te ouvir dar essa risada gostosa que dás quando falo besteira. Queria te beijar até cansar, e eu não canso. Queria sentir teu cheiro de cigarro. Queria encontrar um monte de fios louros na minha mochila. Queria tentar te fazer cócegas e não conseguir. Queria passar todas as tardes abraçada contigo na tua cama. Queria sofrer tuas crises junto contigo. Queria te ouvir falar de filosofia sem enteder nada, e, mesmo assim, fingir que entendi. Queria te ver ficar com raiva porque eu consigo ler teus olhos.  Queria te ver chorar e enxugar tuas lágrimas. Queria que me olhasses sempre assim, bonito, como quem diz "nossa, eu te amo tanto...!". Queria fazer planos pro futuro. Queria te ouvir dizer, por mais que eu não goste, que eu sou uma menininha. Queria que brigasses comigo. Queria deitar contigo na tua cama e ficar te empurrando até a beira. Queria sentir o teu perfume que nunca sei qual é, porque vives mudando. Queria escutar as histórias dos teus sonhos malucos. Queria te chamar de Capitu. Queria  te chamar de minha. Queria casar contigo. Queria realizar o impossível e ter filhos teus. Queria ficar velhinha junto contigo. Queria ter segurança. Queria te dar segurança. Queria te ver feliz, mas comigo. Queria que isso tudo fosse possível. 
Queria te dar tudo e todo o amor do mundo porque não mereces menos. Queria ter exatamente isso, porque não mereço mais.

"So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the 'first' time"

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Vai ver era só dizer
A ela assim:
Moça, por favor
Cuida bem de mim!"

(Campelo)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Queria te abraçar e te beijar e dormir do teu lado e ouvir o som da tua respiração e perder o fôlego e rir e ser feliz. Queria isso agora.
Contigo eu quero tudo. Tudo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O fabuloso....


- Ela parece distante...talvez seja porque está pensando em alguém.

- Em alguém do quadro?

- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.

- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.

- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.

- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?
"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

(Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Preciso de outras 5 horas perfeitas ao teu lado.
Não, melhor, preciso de dias inteiros ao teu lado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ontem senti teu perfume

Ontem senti teu perfume.
Ele não estava na tua pele, procurei e não encontrei teu rosto, teus cachos dourados, teu sorriso bobo. Apertou-me o coração.
Pudera eu, ao menos, abraçar o vento, o cheiro, essas idéias loucas que me vêm à cabeça e a esperança....
Queria ter a segurança de saber que posso te esperar.
Queria ter a segurança de saber que um dia poderei sentir teu perfume de novo, na tua pele, olhando teu rosto, acariciando teus cachos dourados, ficando boba por ver teu sorriso bobo e ainda poder pensar "nossa, como ela me ama!".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Tu serás feliz Bentinho!"

domingo, 16 de maio de 2010

Cada gesto, por menor e mais simples que seja, é sempre cheio de significado(s). Hoje todos esses gestos tiveram as melhores conotações.
É bom saber que eu não me tornei segundo plano, e é bom saber que ainda me olhas e me tratas com todo o carinho e amor do mundo, ainda que esse amor não seja do mesmo tipo do meu.
Teu carinho me conforta e teus olhos me dizem tudo, tudo o que escondes para que as coisas se tornem mais fáceis...
Sem expectativas amor, eu vou seguindo, mas 'da luta não me retiro'. 
Quem sabe a longo prazo consigo realizar todas as coisas que tenho planejadas para nós.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

- E aí, terminou?
- Terminei.
- O que achou?
- Capitu traiu.
- Pois digo que não!
- E eu digo que sim!
- Por que?
- Ela era dissmulada, sempre foi.
- Hum...
- Aposto como nunca amou Bentinho.
- Ela amava a si mesma....

Ah, amor, não falemos de nós por esses meios.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ainda consigo sentir teus beijos.

domingo, 9 de maio de 2010

Bio

Sou aquela que ama tanto que o peito não pode suportar
Sou aquela que contempla os campos de trigo porque eles me lembram os cachos de luzes douradas que preenchiam minhas tardes
Sou aquela que sente a saudade do mesmo tamanho que sente o amor
Sou aquela que todos os dias se descobre, e às vezes se alegra e outras se entristece com as descobertas
Sou aquela que quase nunca sabe o que dizer, mas que quase sempre sabe o que sentir, e o faz muito bem
Sou, enfim, aquela que escreve assim, tortamente, mas que tenta ao máximo,traduzir em palavras seu inefáveis sentimentos.

sábado, 8 de maio de 2010

Céu.

O céu...tão lindo e grande que seria capaz de contemplá-lo para sempre! Admirar suas nuvens de algodão-doce assumindo muitas formas, modeladas pelo vento...
Céu tão imenso e infinito que abriga milhões de estrelas, luzes e mistérios!
E dá a mais perfeita sensação de cair...sim cair! Cair para cima! Cair e mergulhar numa nuvem, ou cair para sempre, sempre, sempre....e não chegar a lugar algum.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ausência

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

(Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Além do Ponto

Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só levava uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, uma garrafa de conhaque na mão e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força então que seria melhor chegar molhado da chuva, porque aí beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade entrando pelo pano das roupas, pela sola fina esburacada dos sapatos, e fumaríamos, beberíamos sem medidas, haveria música, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio, o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas das mãos e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pêlos, eu enfiava as mãos avermelhadas no fundo dos bolsos e ia indo, eu ia indo e pulando as poças d’água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir, os carros me jogando água e lama ao passar, mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, o sax gemido ao fundo e quem sabe uma lareira, pinhões, vinho quente com cravo e canela, essas coisas do inverno, e mais ainda, eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas, não é bem assim, descoberta tortuosa que o frio e a chuva não me deixavam mastigar direito, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto. Um carro passou mais perto e me molhou inteiro, sairia um rio das minhas roupas se conseguisse torcê-las, então decidi na minha cabeça que depois de abrir a porta ele diria qualquer coisa tipo mas como você está molhado, sem nenhum espanto, porque ele me esperava, ele me chamava, eu só ia indo porque ele me chamava, eu me atrevia, eu ia além daquele ponto de estar parado, agora pelo caminho de árvores sem folhas e a rua interrompida que eu revia daquele jeito estranho de já ter estado lá sem nunca ter, hesitava mas ia indo, no meio da cidade como um invisível fio saindo da cabeça dele até a minha, quem me via assim molhado não via nosso segredo, via apenas um sujeito molhado sem capa nem guarda-chuva, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito. Era a mim que ele chamava, pelo meio da cidade, puxando o fio desde a minha cabeça até a dele, por dentro da chuva, era para mim que ele abriria sua porta, chegando muito perto agora, tão perto que uma quentura me subia para o rosto, como se tivesse bebido o conhaque todo, trocaria minha roupa molhada por outra mais seca e tomaria lentamente minhas mãos entre as suas, acariciando-as devagar para aquecê-las, espantando o roxo da pele fria, começava a escurecer, era cedo ainda, mas ia escurecendo cedo, mais cedo que de costume, e nem era inverno, ele arrumaria uma cama larga com muitos cobertores, e foi então que escorreguei e caí e tudo tão de repente, para proteger a garrafa apertei-a mais contra o peito e ela bateu numa pedra, e além da água da chuva e da lama dos carros a minha roupa agora também estava encharcada de conhaque, como um bêbado, fedendo, não beberíamos então, tentei sorrir, com cuidado, o lábio inferior quase imóvel, escondendo o caco do dente, e pensei na lama que ele limparia terno, porque era a mim que ele chamava, porque era a mim que ele escolhia, porque era para mim e só para mim que ele abriria a sua porta. Chovia sempre e eu custei para conseguir me levantar daquela poça de lama, chegava num ponto, eu voltava ao ponto, em que era necessário um esforço muito grande, era preciso um esforço tão terrível que precisei sorrir mais sozinho e inventar mais um pouco, aquecendo meu segredo, e dei alguns passos, mas como se faz? me perguntei, como se faz isso de colocar um pé após o outro, equilibrando a cabeça sobre os ombros, mantendo ereta a coluna vertebral, desaprendia, não era quase nada, eu, mantido apenas por aquele fio invisível ligado à minha cabeça, agora tão próximo que se quisesse eu poderia imaginar alguma coisa como um zumbido eletrônico saindo da cabeça dele até chegar na minha, mas como se faz? eu reaprendia e inventava sempre, sempre em direção a ele, para chegar inteiro, os pedaços de mim todos misturados que ele disporia sem pressa, como quem brinca com um quebra-cabeça para formar que castelo, que bosque, que verme ou deus, eu não sabia, mas ia indo pela chuva porque esse era meu único sentido, meu único destino: bater naquela porta escura onde eu batia agora. E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque no meu corpo sujo gasto exausto batendo feito louco naquela porta que não abria, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca.

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

- IV -

Hoje eu descobri, amor, que nunca me amaste.
Amavas-te a ti mesma, e assim, vendo teu eu em mim, me amavas.
Quando vistes, pois, as diferenças, o sentimento se acabou....
Não, tu não me amas.
Mas se por ventura dissimulas, peço-te humildemente que cesses meu penar
E me ama, me ama, me ama.....

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Depois de muitas lágrimas derramadas a gente chega num estágio do sofrimento que não há mais a necessidade de chorar. Vem um desespero e toma conta, 'ocupa' o vazio deixado. E o medo.
Nem a dor é a mesma, é uma dor meio que....anestesiada. Se engana quem pensa que por ser anestesiada ela não dói como todas as outras; ao contrário, dói muito mais, dói como se um pedaço de si fosse tirado. Paradoxal, não?
É a única coisa que se sente, nada mais tem efeito. Nada te alegra, nada te empolga, nada te faz raiva...
Tudo se resume a um nada, uma beira de abismo, o perigo é dar um passo à frente.

sábado, 17 de abril de 2010

Para:

"E quando escutar um samba-canção
Assim como: 'Eu preciso aprender a ser só',
Reagir e ouvir o coração responder:
'Eu preciso aprender a só ser'."
 
(C.F.A)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Carta.

"És inconstante e isso é uma coisa muito forte em ti, é o que me faz te odiar às vezes e é também o que me faz gostar de ti ainda mais. É um dos motivos que me fazem querer ficar sempre do teu lado; nunca sei o que vai acontecer, como vais estar...simplesmente  imprevisível. Pra mim, te conhecer mais, tentar te entender melhor, é um desafio, mas um daqueles bem gostosos. Um deleite
Tem uma outra coisa que deve ser inerente a ti, não sei, mas sempre queres definir as coisas, ou pelo menos na maioria das vezes queres. Mal de filósof? Talvez....
Só não te define, nem tenta fazer isso, quem se define se limita e tu és a pessoa menos limitada que eu conheço. Acho que posso dizer que és infinita (essa palavra se emprega aqui?). Além do mais tu és uma pessoa extremamente....inefável. És inefável, nenhuma palavra exprime o quanto és encantadora. Tudo contigo é inefável, indizível, inenarrável....e mais quantos sinônimos quiseres.
Uma "metamorfose ambulante" é o que és, isso te faz mais bonita ainda.  E se isso te faz ser feliz, então faz essa metamorfose, muda! Só não muda de mim."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

1º parágrafo

Passou duas semanas pensando. Pensando e doendo, chorando e doendo, rindo e doendo, lembrando e doendo. A dor e a lembrança, mais que todo o resto, estavam ali o tempo todo, como um cão abandonado, daqueles que seguem a gente na rua na esperança de conseguir alguma coisa; um carinho, um pouco de comida, água pra matar a sede. Talvez não a água, matava sua sede na vala das memórias, e aquilo certamente lhe roía as entranhas, só pra deixar um vazio ainda maior.


Ao teu lado, amor, tudo é capaz de ser possível.

domingo, 11 de abril de 2010

- III -

Minha menina dos olhos tristes, 
menina linda vestida de amor
teus olhos não me escondem teus risos
nem a tua dor.

Não tentes, jamais, segurar teu pranto
nem esconder-te atrás do que for
também não te escondas pelos cantos
ouve, pois, o meu clamor!

Peço apenas que te aceites
e perdoes meu pobre versar
e por fim, se entregue ao deleite
nos braços meus, que só sei te amar.

sábado, 10 de abril de 2010

pra quê se esconder?

"Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem."

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Visita

Eu gostaria de ficar para sempre ali, parado naqueles degraus gastos, sentindo as sombras se adensarem nojardim que ficava logo após aqueles degraus onde eu pisava agora, estendidos até o portãozinho enferrujado que há pouco eu abrira, ouvindo os rumores da rua coados pela espessa folhagem, olhando seu rosto envelhecido e doce, com os cabelos presos na nuca e um velho camafeu sobre a gola de renda, tudo um pouco antigo, como se ela gostasse de tocar piano quando entardecia, bebericando qualquer coisa leve como um chá de jasmins, enquanto as sombras na escada ficavam mais e mais densas, até que os ruídos das crianças fossem amortecendo nas calçadas e de repente ela percebesse ter ficado completamente no escuro, apesar das luzes da rua refletidas com um brilho frio nos cristais empoeirados do armário, e então.
Então ela me olhava com seus olhos gentis acostumados à sombra e talvez não distinguisse bem meus contornos contra a rua ainda batida de sol, mas não fiz um movimento antes de perceber que seus lábios abriam-se amáveis, como num sorriso, um sorriso antigo, desses dirigidos a um fotógrafo de aniversário, e para não perturbá-la disse apenas que queria ver o quarto dele, e achei difícil dizer qualquer coisa, e não consigo lembrar se realmente disse ou apenas meti a mão no bolso para mostrar um amassado recorte de jornal, sem dizer nada, e então o seu sorriso se alargasse mais, compreendendo, mas ainda assim discreto, e ela afastasse lentamente o corpo como dizendo que estava às ordens e depois me conduzisse pelo corredor silencioso e atapetado e eu visse os retratos dos velhos parentes mortos dispostos pela parede e juntando ao acaso os olhos claros de um, o vinco no canto da boca de outro, a mecha rebelde no cabelo de um terceiro, o ar solitário de um quarto
— e antes que ela se detivesse aos pés da escada, os dedos da mão esquerda postos sobre o corrimão branco, um pouco espantada com a minha demora —, mas antes disso eu já tivesse tido tempo suficiente para recompor o rosto dele, traço por traço de seus velhos parentes mortos, e como uma garra áspera me apertasse então a memória e para não sufocar eu olhasse rapidamente a salinha com móveis de madeira e palha e visse a um canto o piano entreaberto com a xícara de chá de jasmins e um fino fio de fumaça ainda subindo e depois.

E depois sorrisse para ela, também amavelmente, e subisse devagar a escada, acompanhando o ritmo de seus passos, e visse seus sapatos de saltos grossos, e desviasse o olhar para minha própria mão, tão branca quanto o corrimão da escada, e voltasse a mesma garra áspera na minha garganta e pensasse, então, pensei nos dedos dele, todos os dias, fazia tanto tempo, desbravando o mesmo caminho pelo corrimão empoeirado, sentindo o vago cheiro de mofo se desprender de todos os cantos e novamente parasse, opresso, e novamente ela me acudisse, à porta do quarto, dizendo em voz baixa, tão baixa que tento lembrar se ela realmente chegou a dizer alguma coisa como: era aqui que ele morava: e abrisse a porta com seus gestos lentos e acendesse a luz e então.

Então julguei ver nos olhos dela um brilho fugitivo de lágrima muitas vezes contida, e antes de entrar pensei ainda, quase ferozmente, que bastava voltar as costas e descer correndo as mesmas escadas, sem tocar no corrimão, passar pela porta entreaberta da sala sem olhar para o piano, atravessar o corredor sem erguer os olhos para a galeria de retratos e alcançar a porta carcomida e novamente o jardim e novamente abrir o portãozinho enferrujado e sair para a rua quente de sol e de vida, mas.

Mas sem fazer nenhuma dessas coisas, desviar-me de seu corpo frágil e penetrar no quarto e saber, então, que já não poderei dar meia-volta para ir embora e.E dentro do quarto, olhar para os livros desarrumados nas prateleiras, a cama com os lençóis ainda fora do lugar, como se há pouco alguém tivesse se erguido dali, e uma reprodução qualquer na parede, talvez uma figura disforme de Bosch que mais tarde eu olharia com atenção, tocando talvez, talvez tocasse no papel amarelado e sorrisse pensando em todos os monstros que ele carregava consigo sem jamais mostrá-los a ela, que dizia não ter tocado em nada, toda de preto, apenas aquele camafeu de marfim no pescoço, e eu pensasse em prendê-la um momento mais até que ela tocasse com os dedos da cor do camafeu nos veios duros da porta e não dissesse nada, como se tudo em volta se obscurecesse e de repente apenas aquele movimento dos dedos sobre os veios duros da madeira da porta tivesse vida, embora fosse morte, e também essa coisa que chamamos saudade e que é preciso alimentar com pequenos rituais para que a memória não se desfaça como uma velha tapeçaria exposta ao vento.

Ela já não sorri. Apenas diz que é melhor que eu fique sozinho, e fecha a porta, e se vai, depois, deixando-me enredado num movimento que preciso escolher, porque não é possível permanecer para sempre estático no meio do quarto, atento apenas ao rápido e confuso desenrolar da memória.

Mas nada faço.

Permaneço em pé no meio do quarto e a porta se fecha sobre mim. E vejo os telhados onde jogávamos migalhas de pão para os passarinhos, escondidos para não assustá-los, até que eles viessem, mas não vinham nunca, era difícil seduzir os que têm asas, já sabíamos, mas ainda assim continuávamos jogando migalhas que a chuva dissolvia, intocadas.

Não era difícil vê-lo ali, e ouvir seus passos longos subindo de dois em dois os degraus para abrir a porta e ficar me olhando sem dizer nada, até que nos abraçássemos e eu sentisse, como antigamente, a mecha rebelde de seu cabelo roçar-me a face como uma garra áspera e então soubesse nada ver, nada ouvir, e movimentasse meu corpo parado no meio do quarto para a cama sob a janela e mergulhando a cabeça nos lençóis desarrumados procurasse uma espécie de calor, imune ao tempo, às traças e à poeira, e procurasse o cheiro dele pelos cantos do quarto, e o chamasse com dor pelo nome, o nome que teve, antigamente, e nada encontrasse, porque tudo se perde e os ventos sopram levando as folhas de papel para longe, para além das janelas entreabertas sobre o telhado onde não restam mais migalhas para os pássaros que não vieram nunca.
Mas não choro, mesmo que de repente me perceba no chão, buscando uma marca de sapato, um fio de linha ou de cabelo, os cabelos dele caíam sempre, ele os jogava sobre os telhados pelas tardes, repetindo nunca mais, nunca mais, e acreditávamos que um dia seríamos grandes, embora aos poucos fossem nos bastando miádas alegrias cotidianas que não repartíamos, medrosos que um ridicularizasse a modéstia do outro, pois queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras, mas nos cantos daquele quarto tínhamos força sangue esperma, talvez febre, feito tivéssemos malária e delirássemos juntos navegando na mesma alucinação que a matéria fria da guarda da cama não traz de volta, porque tudo passou e é inútil continuar aqui, procurando o que não vou achar, entre livros que não me atrevo a abrir para não encontrar seu nome, o nome que teve, e certificar-me de que a vida é exatamente esta, a minha, e que não a troquei por nenhuma outra, de sonho, de invento, de fantasia, embora ainda o escute a dizer que compreende que alguns outros devem ter sentido a mesma dor, e a suportaram, mas que esta dor é a dele, e não a suportaria, e saber que tudo isso se perdeu como o calor do chá de jasmins esquecido sobre o piano, e então.
E então tornar-me duro e pensar que tudo não passou de uma vertigem, e recusar o testemunho dolorido da memória e a mesma luz roxa de entardecer atravessando os verdes e os vidros para projetar sombras disformes na parede branca, e sacudir os ombros como se fosse real toda a poeira que existe sobre eles, e quase poder ver os pequenos átomos brilhantes dançando um pouco no ar antes de se depositarem sobre o tapete, os livros, a cama desfeita, e depois.Depois apagar a luz e descer outra vez pelos degraus, mas não olhar para os dedos quase confundidos com o branco da escada, e passar pela sala e falar com ela sem que me veja e atravessar o corredor e vê-la junto ao piano e atravessar a porta e sair para os degraus e ultrapassar o jardim como se pudesse esquecer tudo que não vi, mas um momento antes de abrir o portão olhar para trás e fosse, então, como se a visse tão diluída que não soubesse se está realmente ali e perguntasse a ela qualquer coisa, em voz tão alta que as pessoas na rua parassem para olhar e eu tivesse certeza de que ela me escuta, que não está sentada junto ao piano, com o chá esfriando na sala escura e roxa, tão alto que a obrigue a voltar-se e encarar-me e dizer duramente que sim, que não, que tudo isso não é verdade, que todos nós, eu, ela, ele, todos os degraus e todas as sombras e todos os retratos fazemos parte de um sonho sonhado por qualquer outra pessoa que não ela, que não ele, que não eu.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 31 de março de 2010

"Minha coisa querida, meu bem, minha vida
Meu sonho, meu raio de sol
Desde o dia em que te vi, bem-te-vi bem-te-vi
Que só faço sonhar...."

Canta pra mim denovo...? =/

segunda-feira, 29 de março de 2010

"Se sentes o meu beijo ao acordar, melhor! Eu sinto teu amor. É isso que importa."
Vou guardar isso pra sempre, bem dentro do meu coração.

sábado, 27 de março de 2010

- II -

Me espere em frente à porta que irei te buscar
Quero ouvir tua voz, afagar tuas tranças, beijar teus lindos olhos...
Burcar-te-ei que da tua leveza tiro meu ar, te respiro, te absorvo.
Me espera amor, e segura minha mão, segura forte,
Que o pra sempre não é pra sempre,
Mas com tua mão na minha mão, tua pele na minha pele,
Viveremos nosso pedaço de infinito.

- I -

Amor, venha que juntos seremos felizes!
Sem mais hêsitos, sem medo, sem culpa
Sem desculpa , pois tu amor, és minha razão.
Não temas pois a vida nos reserva felicidade;
Felicidade daquelas tardes que me perdia nos teus olhos, no teu cheiro....
Não saias mais da minha vida, mas vem,
Vem que te aceito de volta, tudo será como antes,
Que dentro de mim nada mudou.
Hoje eu descobri que não importa o que eu faça, não dá pra tirar isso do peito; não dá pra te apagar da minha vida; não existe o "processo de te esquecer".
Não dá.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Tudo o que eu mais quero agora é encontrar palavras dignas da tarde linda que tive hoje.
Com todas as tensões, o amor, o chove e não molha, as gargalhadas, as tiradas...queria que durasse até amanhã. Queria que durasse pra sempre se possível.
O mais engraçado é que a beleza toda é diretamente proporcional à impossibilidade da união, o que faz a tentação ser enorme.
A atração começa no olhar, aumenta no toque e não termina nem com a distância. É uma corrente elétrica violenta, é forte, é inexplicável. Inebriante. Inefável.
Dá vontade de absorver a pessoa, de colocá-la no bolso pra levar a todos os lugares, de abraçar e não soltar nunca mais...!
Agora é só fazer a contagem regressiva pra próxima tarde perfeita. Até lá, todos os altos e baixos que tenho direito, vai dar pra fazer meu próprio mar de lágrimas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pra quem não entende quando digo que sou muito Bentinho: Bento Santiago, Bentinho ou Dom Casmurro é um dos personagens mais lindos da literatura brasileira. Pra quem nunca leu o livro, recomendo (embora eu ache que muita gente deve ter visto a série "Capitu" que passou na Globo, que foi igualmente apaixonande por sinal).
O fato é que a história toda é narrada por ele, o que pode significar que nada do que ele achava, como a traição de Capitu, de seu amigo Escobar e a desconfiança de que Ezequiel não era seu filho, tudo isso poderia apenas ser fruto da imaginação dele. Quem prestou atenção na história percebeu que desde o início da narrativa ele se mostrou inseguro e ciumento.
Pois bem, eu sou fã apaixonada da Capitu e me identifico com Bentinho.
Outro dia me disseram: "Não é a Capitu, é o Bentinho!" Claro, claro que sim! Bentinho faz a Capitu ser tão bonita e interessante. Ele que faz nós nos apaixonarmos pelos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", e por tudo o mais.
Foi como eu disse...hum...ontem? 'Sempre tem dessas coisas quando a gente ama demais alguém', assim foi quando Bento amou Capitu, assim acontece porque eu...

"Aí vindes outra vez inquietas sombras!"

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ciúme é uma coisa que te consome por dentro. Corrói, dói...faz crescer aquela raiva aqui no peito. Sempre tem dessas coisas quando a gente ama demais alguém.
Acho que sou meio Bentinho. Meio não, sou por inteiro.

terça-feira, 23 de março de 2010

Hoje eu estava ouvindo "Um amor puro" do Djavan e percebi que é a música perfeita pra descrever o que eu sinto.