sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cansada de sofrer, resolveu olhar para os lados...

Foi difícil arrancar aquilo do peito, aquilo que tentava estourar seu coração toda vez que o via. Com o tempo aquilo foi encolhendo e se escondeu no cantinho mais escuro do seu coração, gritando, vez ou outra, para avisar que ainda estava lá. Os gritos transformaram-se em sussurros e depois em um leve pulsar, mas nunca a deixou de verdade, lembrando-a todos os dias que faria parte dela para sempre.
Para sua surpresa, alguma coisa começou a aparecer. Cresceu lentamente, pulsou, sussurrou...mas não chegou a gritar. Não era como aquilo fora um dia, era apenas alguma coisa.
Alguma coisa passou a ter um significado maior, um importância maior, deixando aquilo quase esquecido. Mas nunca gritou como aquilo, nunca tentou estourar seu coração como aquilo, porém foi capaz de deixá-la um pouco mais feliz. Um fóton de felicidade a cada dia de sua vida a partir daquele momento.
Com alguma coisa no coração, achou que talvez aquilo não fosse incomodá-la mais, que o aperto que sentia ao passar todos os dias em frente à porta que conhecia tão bem não ia mais aparecer. Decidiu então arriscar, decidiu por à prova sua teoria.
Caminhando lentamente, o coração já acelerado, olhou para o lado esperando ver, como sempre, nada além de escuridão. Mas o que viu não foi escuridao e sim luz, e, ao vê-la aquilo despertou, saiu de seu canto escuro, berrou, tentou estourar-lhe o coração e fugir de seu peito.
Alguma coisa continuou lá, no seu espaço tão arduamente conquistado, mostrando que persistiria até o fim. Mas aquilo...ah, aquilo voltou!
Voltou tudo, outra vez.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sobre perfume e cigarros.

"Embriagava-se com aquele cheiro. Era seu ar; sem ele não poderia viver.
Leve cheiro doce de cigarro, ou talvez cheiro doce de perfume misturado ao cigarro. Não sabia ao certo. Sabia apenas que aquilo a deixava com um frio na barriga, eriçava-lhe os pelos, como um convite.
Era como a melhor das bebidas pedindo para ser tomada, ou o melhor dos cigarros pedindo para ser fumado...a pele pedia o toque, a boca pedia o beijo. O sorriso, o olhar...? Icógnitas.
E diante de tantos n's, de tantas interrogações a única certeza que tinha era que sempre poderia ter, ao menos, o cheiro. O cheiro doce de cigarro, o cheiro doce de perfume com cigarro."