segunda-feira, 4 de maio de 2015

ruminações (04.03.2015)

Sabe quando dá aquele vazio no peito, aí a gente respira bem fundo pra preencher nem que seja só de ar? Dá aquele alívio momentâneo, conforta um pouco o coração por alguns segundos. Mas como é quando se respira fundo e parece que o pulmão tá cheio de buraco? Vários buracos que não deixam vir o conforto, o alívio, não que fosse duradouro, mas adianta, adianta nem que seja só bem rápido, só uma ilusão de alívio.
Pra começar esse era o tipo de coisa que nem deveria acontecer. Você tá lá, de boa na vida, tranquila, feliz... aí vem aquela pessoa feito um tapa na cara, bem doído, de surpresa, não se sabe de que direção, e deixa a marca. Todos os dedinhos bem desenhados no nosso rosto, aquela sensação de formigamento na bochecha, constantemente, que é pra não te deixar esquecer que ela tá ali. Tá e não tá. Só um efeito que se sente de algo que não está presente fisicamente, mas nem por isso deixar de estar, nem por isso deixa de doer.
Mas tá, apesar da analogia dolorosa a princípio é uma dor bem gostosa de sentir, essa da surpresa de aparecer alguém que traz um fio de esperança pra nossa vida. A vida que tava sim, tranquila, mas de repente.... de repente a gente começa a pensar que faltava mesmo aquele pedaço. “Poxa, como eu passei esse tempo todo vivendo sem esse pedaço, sem essa coisa incrível, como...?” Engraçado como a vida parece vazia quando se está só, mesmo que se aprecie a própria companhia, a auto suficiência, ‘eu tô bem  não preciso de coisa alguma além de mim’. Será?
Eu sei que não consigo me fazer entender, claramente, porque tá tudo sempre tão confuso, tão embaralhado na cabeça... confuso ao ponto de virar uma coisa grande, uma pedra enorme no meio do caminho da vida e eu nem tenho aparatos pra escalar. Eu, no auge dos meus quase 25 anos, não tenho aparatos pra muita coisa.
Imagina só, que uma mulher de um quarto de século de existência, que teoricamente deveria sem bem resolvida na vida, formada, trabalhando, muito bem obrigada. Um quarto de século e subtraia-se disso cinco anos. É ela. Vinte anos, ou quase isso, teoricamente sem o tanto de maturidade na vida que eu, mais uma vez, teoricamente¸ deveria ter, ela vem de um jeito... numa força que. Sabe? Sabe aquela coisa de quando a gente entra no mar, e a água tá bem gelada e aí você tá meio distraído, só tentando se focar em como suportar o frio, porque tá bem frio. Aí de repente vem aquela onda enorme gelada, te pega de surpresa, foge o ar, tu não sabes pra onde fugir porque é muita água né, gelada, não tem ar. Só o que tem é você completamente envolvido por aquela onda, por toda aquela água. E por alguns segundos ou minutos ou sabe-se lá quanto tempo, a gente não tem a mínima ideia de como sair dali. Porque é mais forte que a gente.
Tá tudo meio sombrio né. Eu sei. Mas... tá bom. É mais como se fosse um sopro, uma brisa de fim de tarde, uma coisa boa. Mas a brisa só descreve a delicadeza do sentimento, não a força dele.
Parece muito, depois de um mês e pouco e quase nada de convívio. Mas caraca! Isso aqui dentro cresceu de um jeito completamente não planejado. Mas isso não é importante, não é a parte mais importante da história, só a parte óbvia. A parte que tá escrita, entalhada no rosto. Que se pensar bem não tinha como não acontecer porque como se ignora alguém assim? Tão maravilhosa? Tão feita pra se encaixar com a gente de todas as formas possíveis, e, nas que não são possíveis, somar um bocado de coisas boas.

A parte importante é essa incerteza, essa falta de solidez, de chão, de concretude, de qualquer coisa palpável que indique, dê uma pista, sinal de fumaça, qualquer coisa que indique de forma clara que vale a pena esperar e continuar. Como se pode criar raízes sem ter um chão, uma certeza, alguma coisa pela qual se possa esperar?

???

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